Uma série de novas tecnologias ganharam vida após o surgimento das blockchains. Entre elas estão os smart contracts, pedaços de códigos de computador que podem ser usados para emissão de tokens, construção de corretoras e até mesmo acordos no mercado imobiliário. Neste guia explico o que são exatamente essas ferramentas e como funcionam. Também revela em quais plataformas é possível criar smart contracts, e qual a relação deles com o trilionário mercado de criptomoedas. O que são smart contracts? 2023 Smart contracts (contratos inteligentes, na tradução para o português) são programas que se executam de forma automática assim que certas condições acordadas previamente pelas partes são atendidas. Eles funcionam conforme a seguinte regra: “se tal coisa acontecer (você assinar um acordo de empréstimo, por exemplo), então vou fazer isso (liberar o dinheiro para você).” Para entender o conceito, pense em um pedido de empréstimo pessoal no banco. Para que o valor seja disponibilizado, algumas etapas devem ser concluídas, como envio de dados cadastrais, análise de restrições de nome, verificação de perfil de crédito, análise de renda etc. Depois que todos os passos forem finalizados, “voilà”, você tem dinheiro na conta, e deve devolvê-lo à instituição bancária com juros ao longo de determinado período. Se não pagar, há penalidades. A lógica por trás de um smart contract é semelhante ao exemplo acima, mas com uma gigantesca diferença: nos contratos, não há necessidade de intermediários, como bancos ou entidades reguladoras, para garantir a negociação. Todo o processo é feito de forma automática por códigos de computador, que executam as regras definidas pelas partes. Assim que os contratos são publicados, não há como mudar ou manipular as informações acordadas. Ou seja, ninguém tem o poder de fazer alterações de forma unilateral. Ok, mas como é possível que todas as etapas sejam cumpridas sem a presença de uma terceira parte para garantir o processo? É aí que entra a blockchain, a tecnologia que ganhou os holofotes após o boom das criptomoedas. Veja abaixo a relação entre os contratos inteligentes e esse sistema. Qual a relação com blockchains? Uma blockchain é um banco de dados público, descentralizado e imutável que registra as transações feitas pelos usuários. Sua tecnologia permite que regras sejam criadas e controladas pelos próprios usuários, sem ajuda de uma empresa ou governo. Essa tecnologia nasceu com o Bitcoin (BTC), a primeira criptomoeda do mundo, no final de 2008. Para visualizá-la, imagine um livro de contabilidade (registro de entradas e saídas) instalado em computadores espalhados em diversas partes do mundo, e controlado pelos próprios usuários, não por uma entidade central. Para que uma informação seja inserida em uma blockchain, os participantes da rede (chamados de “nós”) precisam concordar que ela é verdadeira. A partir desse momento, ela fica registrada em todos os computadores, e se torna permanente. Alguém até pode tentar alterar o dado gravado, mas isso não terá efeito algum, pois os participantes já tinham concordado que a informação correta é outra. Os smart contracts rodam em uma blockchain, e todas as cláusulas contidas neles são gravadas nessa rede. Uma vez que as regras, obrigações e penalidades são inseridas, os contratos são executados de forma automática conforme aquilo que foi combinado. O papel da blockchain, portanto, é garantir que esses acordos aconteçam de forma segura e verificável, e sem manipulação para benefício próprio. Quando os smart contracts foram criados? Apesar de os contratos inteligentes terem ganhado fama após o surgimento das criptomoedas, o conceito da tecnologia é relativamente antigo. Foi na década de 90 que o jurista e cientista da computação Nick Szabo citou o termo “smart contract” pela primeira vez em um artigo. Um dos trechos diz o seguinte: “Novas instituições e novas formas de formalizar as relações que compõem essas instituições são agora possibilitadas pela revolução digital. Eu chamo esses novos contratos de ‘inteligentes’, porque eles são muito mais funcionais do que seus ancestrais inanimados baseados em papel. Nenhum uso de inteligência artificial está implícito. Um smart contract é um conjunto de promessas, especificadas em formato digital, incluindo protocolos dentro dos quais as partes cumprem essas promessas.” Buy crypto and copy the best crypto trading strategies | ICONOMI Os smart contracts só saíram do papel com a ascensão das blockchains, em especial do Ethereum (ETH. Em seu site, a segunda maior blockchain do mundo, idealizada pelo russo-canadense Vitalik Buterin em 2013 e lançada em 2015, diz que os contratos inteligentes são “os blocos fundamentais” de sua plataforma. Na rede, desenvolvedores pode criar aplicativos descentralizados (dApps) por meio dessas ferramentas. Quais são as plataformas de smart contracts Diversas blockchains oferecem a possibilidade de armazenar contratos inteligentes. Veja algumas das principais: Ethereum (ETH) O Ethereum, como explicado no tópico acima, é a blockchain que inaugurou o uso de smart contracts, dando o pontapé no mercado de aplicativos descentralizados. A indústria de tokens, stablecoins, tokens não fungíveis (NFTs) e games do metaverso nasceu nessa rede. Mas ela não é a única do mercado. Cardano (ADA) A Cardano também oferece a possibilidade de construir contratos inteligentes. A rede foi criada em 2015 por Charles Hoskinson, que é um dos cofundadores do Ethereum. O projeto alega ter a primeira criptomoeda científica, com código avaliado e revisado por pesquisadores. EOS (EOS) Os empresários Dan Larimer e Brendan Blumer lançaram a EOS em 2018. A rede também permite a criação de smart contracts e aplicativos descentralizados, e foi projetada para resolver problemas comuns de blockchains, como velocidade e escalabilidade. TRON ([ativos=TRX]) A TRON foi desenvolvida em 2017 pelo empresário Justin Sun. Assim como Ethereum, Cardano e EOS, nela é possível armazenar smart contracts e apps descentralizados. O foco do projeto, no entanto, tem sido no mercado de conteúdo. Em 2018, a rede comprou o serviço de compartilhamento de arquivos BitTorrent. Tezos (XTZ) É uma blockchain mais avançada de smart contracts, capaz de modificar seu próprio conjunto de regras com o mínimo de interrupções na rede. Foi criada em 2017 pelo matemático Arthur Breitman, mas seu whitepaper (manual) foi publicado em 2014. Solana (SOL) A plataforma foi criada no final de 2017 pelo cientista